Correio Braziliense, 27 de Agosto de 2012
Prefeitos ricos, alunos pobres
Nas cidades com a maior queda no Ideb, os chefes do Executivo multiplicaram os patrimônios. Maioria tenta a reeleição
Publicação: 27/08/2012 12:49
Atualização: 27/08/2012 12:51
Ena Vilma, prefeita de Glória (BA): patrimônio multiplicado por 35 "devidamente compatível com a renda" |
Não
é apenas o péssimo desempenho de alguns municípios brasileiros na mais
recente avaliação sobre a qualidade do ensino médio que envergonha os
brasileiros. Um cruzamento feito pelo Correio comparando os dados do
Ministério da Educação (MEC) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
mostra que, em boa parte deles, enquanto o ensino público despencou, o
patrimônio dos prefeitos — boa parte deles de olho na reeleição —
ascendeu. E não são números isolados: das 30 cidades onde o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) registrou as maiores quedas,
comparando-se os resultados de 2011 com os de 2009, em 20 delas os
atuais prefeitos ou vice-prefeitos são candidatos nas eleições de
outubro.
Em 14 desses municípios, os políticos aumentaram os respectivos patrimônios. “O Congresso Nacional precisa aprovar uma lei de responsabilidade educacional para evitar a má aplicação dos recursos e punir os gestores que não cumprirem as metas”, defendeu o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Célio da Cunha.
As histórias absurdas se multiplicam, como os recursos nas contas bancárias dos administradores públicos. Com 14 mil habitantes e distante 446km de Salvador, Glória (BA) foi reprovada na avaliação de qualidade do ensino medido pelo MEC. O município, que se orgulha das festas populares locais, faz parte da lista de mais de 900 cidades brasileiras que viram piorar o desempenho dos alunos da rede municipal no ensino fundamental. Mas, na contramão da qualidade educacional, os moradores também viram o fenômeno da multiplicação do patrimônio da prefeita, Ena Vilma Pereira Negromonte (PP), mulher do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA), que reassumiu o mandato na Câmara.
Em 2008, Ena Vilma declarou ter dois lotes, no total de R$ 8 mil. Este ano, informou patrimônio de R$ 281 mil, 35 vezes maior do que o registrado há quatro anos. O secretário de governo da prefeitura, Nivaldo Lopes, afirmou que “o patrimônio da prefeita Ena Vilma é perfeitamente compatível com sua renda e está devidamente declarado no Imposto de Renda”. Já em relação à redução da nota do Ideb, ele diz que a prefeitura atingiu índices acima da média brasileira. A alegação é que as três maiores escolas da cidade não foram incluídas no Ideb, o que teria prejudicado a avaliação do município.
Em 14 desses municípios, os políticos aumentaram os respectivos patrimônios. “O Congresso Nacional precisa aprovar uma lei de responsabilidade educacional para evitar a má aplicação dos recursos e punir os gestores que não cumprirem as metas”, defendeu o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Célio da Cunha.
As histórias absurdas se multiplicam, como os recursos nas contas bancárias dos administradores públicos. Com 14 mil habitantes e distante 446km de Salvador, Glória (BA) foi reprovada na avaliação de qualidade do ensino medido pelo MEC. O município, que se orgulha das festas populares locais, faz parte da lista de mais de 900 cidades brasileiras que viram piorar o desempenho dos alunos da rede municipal no ensino fundamental. Mas, na contramão da qualidade educacional, os moradores também viram o fenômeno da multiplicação do patrimônio da prefeita, Ena Vilma Pereira Negromonte (PP), mulher do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA), que reassumiu o mandato na Câmara.
Em 2008, Ena Vilma declarou ter dois lotes, no total de R$ 8 mil. Este ano, informou patrimônio de R$ 281 mil, 35 vezes maior do que o registrado há quatro anos. O secretário de governo da prefeitura, Nivaldo Lopes, afirmou que “o patrimônio da prefeita Ena Vilma é perfeitamente compatível com sua renda e está devidamente declarado no Imposto de Renda”. Já em relação à redução da nota do Ideb, ele diz que a prefeitura atingiu índices acima da média brasileira. A alegação é que as três maiores escolas da cidade não foram incluídas no Ideb, o que teria prejudicado a avaliação do município.