quinta-feira, 15 de maio de 2014

Entrevista com o vereador Alex Almeida: “nós temos ideias sim para um futuro plano de governo”

Alex Almeida tem 39 anos, é Operador de Sistemas eletro energético da Chesf – há 16 anos. Ele brinca ao dizer que a vaga foi ao acaso. “Estava de férias e meu pai me pediu para fazer o concurso, eu nem queria, achava que não tinha condições de passar”, relembra. Alex se achava sem condições de disputar a vaga e tirou apenas em primeiro lugar. Formado em matemática pela Universidade Estadual da Bahia, não chegou a concluir o curso de Engenharia porque precisou assumir o cargo na Chesf, no momento cursa Engenharia Elétrica.

Apesar do excelente currículo o que o tornou público – ou mais conhecido, foi exatamente sua entrada na política, mais precisamente na Câmara Municipal de Glória – onde seu sobrenome não é tão estranho, seu pai já foi vereador e presidente da Câmara,  Alex está no seu 2º mandato. Hoje líder da oposição ao governo da prefeita Ena Vilma Negromonte (PP), Almeida é mais cordial nos embates contra o governo do que seu colega de bancada, Valério José (PT), e também mais preciso quando aponta erros na administração. “Se eu não tiver como provar que estou certo, prefiro aguardar os acontecimentos para não me expor” explica-se.

Alex Almeida nos recebeu em seu gabinete, na Câmara municipal, e falou sobre sua iniciação na política, bem como se posiciona politicamente e analisou aspectos positivos e negativos do governo da prefeita Ena Vilma, sem se colocar como alternativa imediata a seu nome na sucessão de 2016, mais também sem descartar a  possibilidade, como bom matemático ele sabe que há pesos e medidas diferentes a depender dos resultados das próximas eleições em outubro deste ano.

JR – Como foi o seu início na vida pública?, por uma questão familiar porque sua família já era envolvida ou foi motivada por outros fatores, como a vontade de intervir no município?

Ver. Alex Almeida – Na verdade por esse conjunto de coisas citadas aí. Eu estudei em escola pública, técnica (em Salvador, nos anos de 1990), e o pensamento político dos estudantes na época era de intervir e melhorar a vida política brasileira, eu estava inserido nesse contexto. Além dessa questão eu sempre vinha passar férias aqui em Glória e via os problemas da cidade, meu avô foi candidato a prefeito e perdeu por uma margem pequeníssima de votos – 5 votos, salvo engano, meu pai já foi vereador do município e presidente da Câmara. Tudo isso concorreu para minha formação política e as questões de Glória com as mudanças que aconteceram quando se mudou da velha para a nova e eram muitas as carências do município, se existia uma maneira de contribuir era também entrando na política.

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A 1ª eleição de FHC se deve a temores de setores importantes da sociedade em relação ao PT.

JR – A década de 1990 foi um período em que FHC e sua equipe de governo organizou o país em termos econômicos, por assim dizer, porém, havia muita decepção por parte de outros setores sociais que esperam mais do sociólogo. Estamos num período da história em que o PT já era muito forte, qual era sua posição à época?

Ver. Alex Almeida – Meu pai foi vereador entre 1996 a 2000. Foi mais ou menos quando eu me posicionei politicamente, eu comecei a enxergar uma série de coisas ainda no governo Collor, pois é inegável que deu uma contribuição para essa nova organização econômica e política do Brasil, depois Itamar e Fernando Henrique. A nosso ver ele também compunha a esquerda, tinha sim seus princípios em relação à questão do cidadão, do trabalhador, comungava de algumas ideias que também eram do PT, acredito que a eleição de FHC se deve a temores de setores importantes da  sociedade em relação ao PT, havia ainda muita instabilidade institucional e a imagem do PT era ligada ao comunismo.

A partir da primeira eleição em 1994 passou a fazer ações que são sucesso até hoje no governo petista, por exemplo, o Bolsa Família partiu do Bolsa Escola de FHC, então algumas mudanças estruturais e econômicas como o Plano Real (quando ainda era Ministro de Itamar) foi uma época que devido a esta instabilidade institucional, ameaça de militares não deixarem um governo petista prosperar que eu me liguei ao PSDB. Em 1998 eu comecei a trabalhar e sentir na pele o quanto os trabalhadores sofreram com arrochos, sem aumento e esse tratamento ruim do governo me levou a querer votar em Lula, não comungava necessariamente dos princípios petistas, queria um trabalhador no poder e ver se nos tratava melhor.
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O cálculo do IPTU de Glória foi modificado depois que o vereador apontou irregularidades.

JR – Agora já localizado politicamente (embora na Câmara o senhor esteja à esquerda) é oposição ao governo da Dra. Ena Vilma (PP), como o senhor analisa os seis anos de gestão da prefeita à frente do município de Glória?

Ver. Alex Almeida – Só voltando a questão esquerda – direita, são nuances que nós vemos na política, por exemplo, o partido que hoje governa o município de Glória (PP – Partido Progressista)  era carlista  e hoje é petista, em termos de apoio de base do governo. Então eu costumo tomar minhas posições de acordo com meus princípios. É claro que a gente segue algumas diretrizes partidárias, mas o eleitor vota sempre no candidato. Então minha decisão final é de acordo com o que eu acredito.
Em relação aos seis anos do governo da Dra. Ena Vilma, eu acredito que poderia ter sido melhor, porque em 2008 o anseio do povo era de mudança. Segundo algumas lideranças a saúde ia muito bem, na assistência social também, mas faltavam obras estruturais, melhorias no município como um todo para atender as demandas. Baseado nessa expectativa foi eleita à prefeita, Dra. Ena Vilma, e também como já se tinha um deputado federal que era esposo da prefeita (Mário Negromonte) e uma liderança jovem, Mário Júnior, filho da prefeita que galgava a cadeira estadual, isso criou uma esperança na população que pudesse melhorar.

E muita coisa melhorou, não vou dizer o contrário. Por exemplo, algumas coisas foram organizadas, os Conselhos municipais, que a gente não tinha – apesar que não estão a contento, há muitas falhas nos Conselhos municipais que precisam ser corrigidas, já foram motivos para debates aqui na Câmara, mas eu imaginei que Glória daria um salto nas questões das obras. No entanto, como já falei na Tribuna, o que temos aqui são muitas obras inacabadas, a saúde deixa muito a desejar em relação ao governo passado (2004 -2008) bem como a assistência social, o que melhorou foi à visibilidade do município, através dos seus deputados que trazem emendas e isso traz visibilidade.

Não posso dizer que o governo não tenha seus méritos, porque tem, mais, por exemplo, em termos de agricultura o município cresceu não foi por influencia do governo, e sim por iniciativas individuais de empreendedores tanto nos setores da tilápia como da melancia, que trazem desenvolvimento econômico para a cidade. O município não conseguiu terminar nenhuma das obras estruturantes.

JR – O senhor é candidato a prefeito em 2016?, ou tudo vai depender do resultado das próximas eleições em outubro deste ano? 

Ver. Alex Almeida- De fato, além das eleições próximas, tudo depende de como vai se organizar os últimos dois anos do governo. O meu nome existe como possibilidade assim como outras lideranças do município. Eu venho me preparando para contribuir quer seja como vereador, prefeito ou vice, desde que nossos pensamentos estejam em comunhão. Em se tratando de ser eu o escolhido, acredito que a população me conhece, sabe como é o meu trabalho aqui na Casa, e eu acredito que aqui em Glória precisamos de políticas públicas, que gerem empregos para a população.

A cidade precisa ter um apoio ao agricultor, que hoje é a grande mola mestra que segura economicamente o município, à produção pesqueira de tilápia, então se melhora a infraestrutura para escoação dessa produção já ajuda, se fomenta o turismo já se desenvolve bastante, essas são as ações que podem trazer sustentabilidade a população. Um governo não pode ser perseguidor, precisa dar atenção, então nós temos ideias sim para um futuro plano de governo, baseado sempre em políticas públicas e de desenvolvimento sustentável, para criar alternativa de empregos e não depender de favores da prefeitura. Nós precisamos é criar essas condições e mudar essa cultura do povo. Há sim possibilidade de tornar o município mais autônomo, com seus recursos pode- se fazer muitas coisas sem depender tanto de emendas estaduais ou federais.

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