Alex Almeida tem 39 anos, é Operador de Sistemas
eletro energético da Chesf – há 16 anos. Ele brinca ao dizer que a vaga
foi ao acaso. “Estava de férias e meu pai me pediu para fazer o
concurso, eu nem queria, achava que não tinha condições de passar”,
relembra. Alex se achava sem condições de disputar a vaga e tirou apenas
em primeiro lugar. Formado em matemática pela Universidade Estadual da
Bahia, não chegou a concluir o curso de Engenharia porque precisou
assumir o cargo na Chesf, no momento cursa Engenharia Elétrica.
Apesar do excelente currículo o que o
tornou público – ou mais conhecido, foi exatamente sua entrada na
política, mais precisamente na Câmara Municipal
de Glória – onde seu sobrenome não é tão estranho, seu pai já foi
vereador e presidente da Câmara, Alex está no seu 2º mandato. Hoje
líder da oposição ao governo da prefeita Ena Vilma Negromonte (PP),
Almeida é mais cordial nos embates contra o governo do que seu colega de
bancada, Valério José (PT), e também mais preciso quando aponta erros
na administração. “Se eu não tiver como provar que estou certo, prefiro
aguardar os acontecimentos para não me expor” explica-se.
Alex Almeida nos recebeu em seu
gabinete, na Câmara municipal, e falou sobre sua iniciação na política,
bem como se posiciona politicamente e analisou aspectos positivos e
negativos do governo
da prefeita Ena Vilma, sem se colocar como alternativa imediata a seu
nome na sucessão de 2016, mais também sem descartar a possibilidade,
como bom matemático ele sabe que há pesos e medidas diferentes a
depender dos resultados das próximas eleições em outubro deste ano.
JR – Como foi o seu início na vida pública?,
por uma questão familiar porque sua família já era envolvida ou foi
motivada por outros fatores, como a vontade de intervir no município?
Ver. Alex Almeida – Na verdade por esse conjunto de coisas citadas aí. Eu estudei em escola pública, técnica (em Salvador, nos anos de 1990), e o pensamento político dos estudantes na época era de intervir e melhorar a vida
política brasileira, eu estava inserido nesse contexto. Além dessa
questão eu sempre vinha passar férias aqui em Glória e via os problemas
da cidade, meu avô foi candidato a prefeito e perdeu por uma margem
pequeníssima de votos – 5 votos, salvo engano, meu pai já foi vereador
do município e presidente da Câmara. Tudo isso concorreu para minha
formação política e as questões de Glória com as mudanças que
aconteceram quando se mudou da velha para a nova e eram muitas as
carências do município, se existia uma maneira de contribuir era também
entrando na política.
JR – A década de 1990 foi um período em que FHC e sua equipe de governo
organizou o país em termos econômicos, por assim dizer, porém, havia
muita decepção por parte de outros setores sociais que esperam mais do
sociólogo. Estamos num período da história em que o PT já era muito
forte, qual era sua posição à época?
Ver. Alex Almeida – Meu
pai foi vereador entre 1996 a 2000. Foi mais ou menos quando eu me
posicionei politicamente, eu comecei a enxergar uma série de coisas
ainda no governo Collor, pois é inegável que deu uma contribuição para essa nova organização
econômica e política do Brasil, depois Itamar e Fernando Henrique. A
nosso ver ele também compunha a esquerda, tinha sim seus princípios em
relação à questão do cidadão, do trabalhador, comungava de algumas
ideias que também eram do PT, acredito que a eleição de FHC se deve a
temores de setores importantes da sociedade em relação ao PT, havia
ainda muita instabilidade institucional e a imagem do PT era ligada ao
comunismo.
A partir da primeira eleição em 1994 passou a fazer ações que são sucesso até hoje no governo petista, por exemplo, o Bolsa Família
partiu do Bolsa Escola de FHC, então algumas mudanças estruturais e
econômicas como o Plano Real (quando ainda era Ministro de Itamar) foi
uma época que devido a esta instabilidade institucional, ameaça de
militares não deixarem um governo petista prosperar que eu me liguei ao
PSDB. Em 1998 eu comecei a trabalhar e sentir na pele o quanto os
trabalhadores sofreram com arrochos, sem aumento e esse tratamento ruim
do governo me levou a querer votar em Lula, não comungava
necessariamente dos princípios petistas, queria um trabalhador no poder e
ver se nos tratava melhor.
JR – Agora já localizado
politicamente (embora na Câmara o senhor esteja à esquerda) é oposição
ao governo da Dra. Ena Vilma (PP), como o senhor analisa os seis anos de
gestão da prefeita à frente do município de Glória?
Ver. Alex Almeida – Só
voltando a questão esquerda – direita, são nuances que nós vemos na
política, por exemplo, o partido que hoje governa o município de Glória
(PP – Partido Progressista) era carlista e hoje é petista, em termos
de apoio de base do governo. Então eu costumo tomar minhas posições de acordo com
meus princípios. É claro que a gente segue algumas diretrizes
partidárias, mas o eleitor vota sempre no candidato. Então minha decisão
final é de acordo com o que eu acredito.
Em relação aos seis anos do governo da
Dra. Ena Vilma, eu acredito que poderia ter sido melhor, porque em 2008 o
anseio do povo era de mudança. Segundo algumas lideranças a saúde ia
muito bem, na assistência social também, mas faltavam obras estruturais, melhorias no município como um todo para
atender as demandas. Baseado nessa expectativa foi eleita à prefeita,
Dra. Ena Vilma, e também como já se tinha um deputado federal que era
esposo da prefeita (Mário Negromonte) e uma liderança jovem, Mário
Júnior, filho da prefeita que galgava a cadeira estadual, isso criou uma
esperança na população que pudesse melhorar.
E muita coisa melhorou, não vou dizer o
contrário. Por exemplo, algumas coisas foram organizadas, os Conselhos
municipais, que a gente não tinha – apesar que não estão a contento, há
muitas falhas nos Conselhos municipais que precisam ser corrigidas, já
foram motivos para debates aqui na Câmara, mas eu imaginei que Glória
daria um salto nas questões das obras. No entanto, como já falei na
Tribuna, o que temos aqui são muitas obras inacabadas, a saúde deixa
muito a desejar em relação ao governo passado (2004 -2008) bem como a
assistência social, o que melhorou foi à visibilidade do município,
através dos seus deputados que trazem emendas e isso traz visibilidade.
Não posso dizer que o governo não tenha
seus méritos, porque tem, mais, por exemplo, em termos de agricultura o
município cresceu não foi por influencia do governo, e sim por
iniciativas individuais de empreendedores tanto nos setores da tilápia
como da melancia, que trazem desenvolvimento econômico para a cidade. O
município não conseguiu terminar nenhuma das obras estruturantes.
JR – O senhor é candidato a prefeito em 2016?, ou tudo vai depender do resultado das próximas eleições em outubro deste ano?
Ver. Alex Almeida- De
fato, além das eleições próximas, tudo depende de como vai se organizar
os últimos dois anos do governo. O meu nome existe como possibilidade
assim como outras lideranças do município. Eu venho me preparando para
contribuir quer seja como vereador, prefeito ou vice, desde que nossos
pensamentos estejam em comunhão. Em se tratando de ser eu o escolhido,
acredito que a população me conhece, sabe como é o meu trabalho aqui na
Casa, e eu acredito que aqui em Glória precisamos de políticas públicas,
que gerem empregos para a população.
A cidade precisa ter um apoio ao
agricultor, que hoje é a grande mola mestra que segura economicamente o
município, à produção pesqueira de tilápia, então se melhora a
infraestrutura para escoação dessa produção já ajuda, se fomenta o
turismo já se desenvolve bastante, essas são as ações que podem trazer
sustentabilidade a população. Um governo não pode ser perseguidor,
precisa dar atenção, então nós temos ideias sim para um futuro plano
de governo, baseado sempre em políticas públicas e de desenvolvimento
sustentável, para criar alternativa de empregos e não depender de
favores da prefeitura. Nós precisamos é criar essas condições e mudar
essa cultura do povo. Há sim possibilidade de tornar o município mais
autônomo, com seus recursos pode- se fazer muitas coisas sem depender
tanto de emendas estaduais ou federais.
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